2021 foi um ano de aventuras e desventuras.
Aprendi a aquietar mais e me afobar menos, por fora e por dentro. Fiz um pacto de vida com a quitude e o silêncio. O movimento já fazia parte de mim, mas a quietude e o silêncio eu conquistei com pequenas doses intencionais de autoconsciência.
Vi minha neta aprender a engatinhar, andar e ensaiar suas primeiras palavras. Quantas sinapses e conexões neurais em apenas um ano! Me deleitei observando suas forças de caráter em ação, da curiosidade e amor ao aprendizado à perseverança e vitalidade.
Foi um ano de compartilhar histórias de amor em tempos de pandemia. Ouvi, aprendi, me emocionei e principalmente, expandi minha esperança e gratidão em cada recorte deste grande caleidoscopio que é a vida.
Desapeguei da necessidade quase tóxica de estar sempre produzindo, atendendo demandas e me mostrando útil para a humanidade. E assim pude desacelerar e entrar num outro tempo que me ensina sobre a conexão com o essencial.
Experimentei poucas e profundas parcerias de trabalho, com enorme entusiasmo, integridade, criatividade e humor. Já não consigo mais trabalhar junto sem ser na fluidez e na leveza. E a isso agradeço com alegria.
Procurei exercitar e ampliar minha generosidade e bondade nestes tempos desafiadores, doando recursos, tempo, presentes ou mesmo gotas de sabedoria, para, talvez, abraçar alguns corações cansados. Mas chamo aqui minha humildade para me lembrar que preciso evoluir nesta força.
Escolhi com receio e bravura fazer uma pós em Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness. Passados seis meses de estudo, a vida virou outra porque meu olhar mudou. A força da perspectiva ganhou relevancia nos meus passos. Integrei saberes e juntei as peças da minha trajetória como um quebra-cabeças que finalmente desenha uma figura completa.
Senti dor, tristeza, raiva, indignação, medo e culpa. Procurei acolher tudo isso em mim, nem sempre como eu gostaria, mas com a perseverança necessária para seguir. Graças à inteligência social que me habita, contei com uma rede de apoio e amor que me ajudou nas horas em que precisei e a quem pude tambem ajudar, nesta via de mão dupla que me ensina a dar e receber em equilíbrio.
Cultivei flores e hábitos saudáveis no meu cotidiano. E quanto mais cultivava, mais brotava e florescia. Aprendi que onde foco minha atenção, aquilo cresce. Assim, procurei dar mais vigor à gratidão do que aos medos, ao amor do que aos julgamentos. Por uma simples escolha de respirar com liberdade e leveza.
A conexão com a natureza que a vida convida me moveu e me move, como principal canal inspirador para apreciar a beleza e excelência. Gosto de admirar o simples e o complexo, o detalhe e o todo, desde a semente até a floresta.
Desafios? Muitos. O meu mantra do ano foi: um dia de cada vez. E com ele, a força da presença, o exercício diário de pisar no aqui-agora, com consciência e autoresponsabilidade. Sem garantias, sem certezas, sem linhas retas e cadernos pautados. Vivi um belo rodamoinho espiralado de ar e fogo, muitas vezes sustentado pela terra e outras vezes varrido pela água.
A espiritualidade me ajudou, tingindo minhas inquietações com lilás e azul, trazendo mais fé e sentido para cada momento.
Saí do Facebook em julho e fui saída do Instagram no dia 11/11. Isso causou. E ainda reverbera. Inevitavelmente, passei por este portal e sei que é um caminho sem volta. O vazio vestido de medo me assobia vez ou outra. Não quero ser esquecida. Quem quer? Mas também não quero mais dedicar horas do meu dia para não ser esquecida nessa vitrine selvagemente humana. Estou em busca de outro aconchego, num intervalo preenchido de nada, que escolhi sustentar.
Diminuí. Malas e armários menores me libertaram. Exercitei as forças do autocontrole e do senso crítico nas escolhas de consumo, na direção de ter apenas o que uso e usar o que realmente necessito. Mudar para caber nos novos tempos, que pedem um grau mais avançado de consciência e ação em relação ao consumo sustentável.
Liderei grupos e processos na direção do bem estar e do florescimento, compartilhando saberes e promovendo aprendizados singulares no coletivo plural. Trabalhei junto, recorrendo às forças da igualdade, cidadania, espírito de equipe e liderança compartilhada.
Me dediquei ao auto-cuidado como antidoto à loucura, medicina viva do invisível saber. Deste lugar, pude ajudar, perdoar, me perdoar e reconhecer tudo aquilo que não consigo compreender: a fome, a ganância, a cegueira, a injustiça, a dor do mundo que me corrói por dentro.
2021 foi uma verdadeira odisséia no tempo-espaço. Que ninguém se iluda. 2022 é apenas o passo seguinte, o novo amanhecer. E nos exige preparo.
Mergulhada em todas as cores desta viagem de 365 dias, continuo escolhendo a Gratidão e o Amor como meus companheiros de vida. E sigo! Um dia de cada vez.